segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Desventuras em série


Não tinha jeito, ela nasceu para os contos de fadas. Uma princesa trancafiada numa cidade de pedras cinza, respirando a realidade que não lhe pertence.

Seu sorriso deveras infantil almejava um mundo há muitos anos perdido, a felicidade guardada na gaveta que se esquecera de buscar.

Não era como se visse o mundo cor-de-rosa, unicórnios ou coisa assim. Mas conseguia ver a mágica através de um abraço, que ninguém mais podia encontrar.

Suas batalhas eram travadas em algum lugar distante em sua mente com diálogos perfeitamente ensaiados.

Seu príncipe tão belo pela inocência de seus olhos, depois do beijo virava sapo.

Seus medos eram um círculo vicioso, como um labirinto escuro do qual não podia escapar.

Suas bruxas estavam em sua cabeça e em momentos de ódio, escorria veneno por suas palavras, que não combinavam com a doçura de seus lábios.

Ela podia não ter um castelo, mas tinha muralhas quase intransponíveis em torno de seu coração.

Seus maiores inimigos se escondiam atrás do espelho ou quem sabe de um belo loiro de olhos azuis.

Suas histórias narradas com o rubor de suas bochechas, e o gosto agridoce nos lábios.

Tristes desventuras, tristes desventuras...

Nenhum comentário:

Postar um comentário