segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Real Life.

Um dia desses tive uma das sensações mais estranhas da minha vida.
Me vi sentada assistindo a uma peça de teatro da vida real.
Quatro cenas ocorriam simultaneamente, cada um dos personagens protagonizava sua própria cena e servia de platéia para as outras.
Primeira cena: Os protagonistas deixam claro, é o final. Quem assiste se acomoda com o modo em que a cena acontece. Tão simples e direta. Os protagonistas conversam sobre o porque terminou e concluem: Começou errado. Não havia o que fazer, nossa protagonista parece conformada com isso. Aliás, foi tão rápido. Mas é então que ele a encara, sorri e diz: "Eu quero começar de novo, do zero." Momento de tensão, pega de surpresa a platéia que assistia acomodada a cena. A protagonista sorri e aceita. Uma alegria inesperada envolve a cena. Não é um final. É um recomeço.

Segunda cena: Outro final declarado. Mas esse é diferente, quem assiste pode sentir que existe algo a mais. E realmente tem. Sempre que estão juntos, os protagonistas deixam uma certa tensão no ar. E fazem quem assiste torcer por eles. Eles ficam tão perto e de repente, acontece. O tão esperado beijo. A platéia comemora. Mas é então que nossos protagonistas se abraçam. Ela dorme tranquila no colo dele. Um final feliz certo? Mas o que mais me intriga como espectadora são os olhos do protagonista, eu simplesmente não conseguia me desprender deles. Enquanto ele acaricia os cabelos da sua menina, seus olhos permanecem com uma tristeza agoniante a quem assiste. Mas por que essa tristeza? Afinal, o beijo aconteceu. Seria aquilo então um beijo de despedida?

Terceira cena: Finalmente um começo feliz, o casal está definitivamente se entendendo. Eles se beijam, se abraçam e não faltam olhares de encantamento. Até que então eles conversam. E sem grandes explicações decidem, é o fim. Mas como? A família dela não aceitaria um relacionamento agora, a menina já se machucou demais. E por mais que eles se gostem, é isso apenas. Acabou.

Quarta cena: Nessa, não se sabe bem se é um começo ou um final. Os protoganistas simplesmente não se entendem. Fica claro que existe algo ali, mas o que? Sempre que os protagonistas caminham para algum final e a platéia sabe que isso vai acontecer, eles simplesmente mudam o sentido da cena inteira. Os protagonistas entram poucas vezes em sintonia, e o espectador se perde entre cenas de brigas e curtos momentos carinhosos. Chega o final, e o que acontece? Nada. Os protagonistas nos deixam ansiando por um beijo ou talvez por um termino de algo que não existe. E simplesmente não acontece nada.

Foi ai que eu pensei. E se eu colocasse esses 8 personagens sentados juntos. O que diria a eles?

Bom aos da primeira cena eu apenas dirigiria um sorriso. Vocês decidiram recomeçar. O que pode ser melhor que isso? Conseguiram contornar o final certo e nos supreender quem sabe com uma nova história. Mas atenção, é um recomeço e os erros do passado não devem ter lugar nisso.

Aos da segunda cena eu diria: Por que é que vocês dão tantas voltas se a felicidade está tão na cara? Por que vocês insistem em complicar algo tão simples e tão bonito? É como se desgastassem as coisas boas, pelo simples prazer de complicar. Eu estava sentada na platéia assistindo. Vi o olhar, e vi a intensidade do beijo. E então meu caro protagonista, por que os olhos tristes? Porque o gosto amargo de algo que te faz tão bem?

Aos da terceira cena eu diria: Não existe um bom romance sem impecilios. Me digam, será que romeu e julieta seria uma história tão bonita se eles simplismente desistissem, só pelo fato de algo não ser perfeito? Por que é que vocês insistem em complicar? Vocês dois sabem, realmente se gostam, e é só isso o importante, não é do nosso tempo aquela coisa de "eu te amo e vou sofrer de longe". Então sintam seja lá o que for isso, intensamente e dane-se as consequências.

Aos da última cena eu diria: Por que que vocês fazem isso? Será que é tão dificíl apenas chegar a um final? Qual é o prazer de dar voltas, e voltas se isso só desgasta ambos? E eu não digo para botarem um ponto final nisso. Mas apenas, por um momento, curtam isso, sem fazer as coisas parecerem uma novela mexicana dirigida por um cara bipolar. Apenas olhem um minuto e digam algo sincero um para o outro, parem com essa guerrinha de egos inutil. Porque é obvio que um dos protagonistas sairá machucado. E creio eu, que nenhum dos dois quer sair assim.

E depois de dizer tudo isso a esses 8 atores de uma peça da vida real, eu sairia e os deixaria pensando, quem sabe entre finais, recomeços e incógnitas; alguma coisa desse certo. Ai, eu apenas voltaria a ocupar meu lugar na platéia e esperaria pelo segundo ato.

Quem sabe um dia, eu ainda volte para contar o final da peça. E torço mesmo, para que esse texto chegue aos olhos de alguns desses personagens e que eles vejam quantas coisas maravilhosas estão a frente deles, e o quanto eu desejo voltar aqui e contar 8 finais felizes de quatro personagens de uma peça real. A peça da vida.

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